quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A simplicidade do que é certo.



Ninguém merece viver uma mentira. Não importa onde ela se encontre. Você nasce, cresce, estuda, trabalha, casa, tem filhos, envelhece e já parou pra pensar quantos e quantos anos, que passam rápido feito um cometa, você perdeu fazendo aquilo que não queria, lutando por ideais que não eram os seus, engordando o ego dos outros, amando a pessoa errada....? 

Putz, seria melhor nem pensar. Mas é preciso. 
É tão necessário quebrar as correntes que nos prendem onde não queremos ficar e sim, sim, sim, foi você quem se acorrentou lá muitas e muitas vezes, pode apostar.
Mas, olha que notícia boa: você pode ficar livre!
Você pode, mas tem que ter coragem porque vai te incomodar, vai doer, vai te aporrinhar, te irritar mil vezes mais que tpm, falta de dinheiro, gente burra, injustiças ou outras coisas insuportáveis mas.....vai te fazer um bem!


Então, amigo, amiga, vem cá pra eu te contar algo: sai dessa.
Sai daquele emprego que não te dá mais nenhum prazer, sai desse relacionamento onde você não está mais há muito tempo, sai daquela amizade de conveniência, sai de perto dos parentes sanguessugas, saia hoje, saia agora, já! E sair não é só se afastar fisicamente não, porque isso nem sempre é possível de uma hora pra outra. Saia psiquicamente. Saia sentimentalmente. Saia em paz. E quando você menos perceber, estará há milhas de distância. Não vai te matar. Não vai matar a(s) outra(s) pessoa(s) nem o mundo vai acabar por causa disso. Muito pelo contrário. O mundo, meu caro amigo, minha querida amiga, vai passar a existir pra você de uma maneira que você jamais imaginou.


O certo é o simples. O simples é o mais eficaz. Não tem errada.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Melhor da Vida

Ontem eu fiz aniversário. Comemorei a chegada dos meus quarenta anos. Mas, diferentemente de quando se está na adolescência, a euforia de aniversariar na maturidade é substituída por uma série de outros sentimentos. Fiquei lembrando como eu adorava a data, mesmo sem festa, pois meus parentes sempre foram pessoas pra lá de esquisitas e nunca tive uma festa normal, de gente normal, com gente normal, para gente normal. Normal no sentido de amigos, música, gente pela casa, os mais velhos conversando na cozinha...essas coisas. Nunca tive. Aliás, minha vida, se for vista pelo prisma da normalidade, é uma verdadeira aberração.

Cheguei aos "enta", donde só sairei para a eternidade, sem marido, sem filhos e me graduando. E logo agora que eu, na melhor das hipóteses, cruzei a metade do caminho, resolvi me tornar agnóstica. Maçada! Mas vamos em frente, porque eu acredito num céu para os gatos, para os cachorros, para os animais em geral e como eu já terei morrido, nenhum rinoceronte vai poder me pisotear.

Mas a vida é muito engraçada. Para alguns, o importante é crescer, se formar, trabalhar, casar, formar família.... Para outros, qualquer problema na vida amorosa é suficiente para desmoronar tudo. Importante é o amor, mesmo que se esteja numa cabana. Para outros ainda, tudo estará bem se o lado profissional estiver nos trilhos. Melhor curtir a solidão lá em Paris do que aqui e sem dinheiro.

Então, se cada um valoriza mais um aspecto, como eu posso me orientar para encontrar um sentido que acredite ser o mais importante? Será que há algum que seja mais? Será que o equilíbrio é viável, ou utópico? Será que o importante mesmo é estar bem financeiramente ou emocionalmente?

Que coisa... Talvez eu passe a outra metade do caminho pensando sobre isso, confabulando, meditando, "eu cá com meus botões de carne e osso... Eu penso e posso."

Os primeiros quarenta anos da infância, realmente, são os mais difíceis. E os mais incríveis também!



sábado, 20 de fevereiro de 2016

Encontro Clube Literário Palavras ao Vento - Debate Filmes Distópicos.

Que delícia foi o nosso encontro de hoje na Livraria Cia do Livro - Unidade Valença/RJ, pra falar sobre os filmes distópicos. As outras meninas (Pit Larah e Jéssica Pançardes), em seus respectivos blogs, também farão postagens sobre o encontro, mas eu confesso que não resisti e acabei cedendo espaço aqui, no Poetizar, para falar um pouco sobre o que rolou hoje lá na CL. Vem comigo!

Essa foto (que eu "roubartilhei" do Instagram da Nívia Couto Lopes, outra amiga nossa e membro do CLPV, ficou linda e retrata bem o clima leve, descontraído e feliz que se criou hoje na CL, por ocasião do nosso encontro.
Para quem não sabe, o Clube Literário Palavras ao Vento promove encontros abertos ao público, onde debatemos sobre cultura de modo geral, mas sempre mantendo a temática Literatura, que é a nossa grande paixão! Divulgamos com antecedência em nossas páginas e grupos no Facebook (no final da matéria vou disponibilizar os links para vocês acessarem) e também por meio do Whatsapp, onde temos um grupo.

Na primeira foto, da esquerda para a direita, a galera que debateu sobre distopia: Pit Larah, Nívea Couto Lopes, Jéssica Pançardes, Elayne Amorim, Natália Menezes (agachada), Aléxia Vargas, Isabel Custódio, a Luciana Chaves, que chegou quase no finalzinho e eu. Sanger Nogueira e Fabrício Lopes completam nosso time.




Cada um de nós apresentou ao grupo suas impressões sobre os filmes distópicos que assistiu. Quer conhecer a lista dos filmes debatidos e saber um pouco mais sobre distopia? O blog da Jéssica te conta tudo!!! Clique aqui e veja a matéria completa! 





Muito legal também foi o sorteio de livros e marcadores que rolou entre a galera do Clube e também os clientes que estavam na livraria naquele momento. Divertido para eles e para nós!






O saldo mega positivo dessa manhã de sábado, que passamos na companhia de pessoas queridas, falando sobre livros e filmes, só nos mostra que o caminho é esse mesmo. É preciso promover a cultura entre os jovens, despertar o interesse pela leitura, disseminar o conhecimento promovido por ações como essa. E é mesmo ótimo estar no caminho certo! 

Quer conhecer mais do que fazemos? Acesse:

Clube Literário Palavras ao Vento

Fanpage Da Tribo do Amor

Fanpage Poetizar

Fanpage Hi Jéssica


Até o próximo encontro!








quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Árvore - Um poema para Carolina Soares



Silencia tuas vozes, teus ruídos internos, e ouve apenas teu coração bater.

Abre um pouco as cortinas, de modo que somente um raio de sol tímido possa atravessá-las, para que a totalidade do breu se acanhe e não ouse incomodar-te com veemência. 


Ouve os pássaros lá fora, e tenta adivinhar de onde vêm e para onde vão.


Fecha os olhos e imagina o céu azul de tua infância, onde o calor não te eras insuportável e o brilho do sol na água te preenchia o tempo com alegrias inexplicáveis e insubstituíveis.

Sente o gosto do sal, do mel, o frescor das frutas e lembra-te que só és capaz de ver beleza na dor porque és tão belo quanto.

Canta, se assim o quiseres. Grita, se achares que é preciso.

Fala contigo todos os dias, conquanto silencie o tempo que precisares.

Sorri sempre, porque a luz emanada de teu sorriso é vital para os animaizinhos que te cercam.

Torna-te, por fim, árvore esplêndida, silenciosa e perene, cujos galhos tortos por ventanias passadas não impediram que forte crescesse teu caule, firmes se tornassem tuas raízes e que o vento, ora bom, ora ruim, ajudasse a espalhar pelo mundo as folhas-frutos de uma alma infinita.





Ouça a trilha do poema Árvore no Spotify:



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Bolinhos de Sol

Nascera Maria de Soledad, filha de pai espanhol e mãe carioca. Era Sol desde que se entendia por gente. Para os colegas da escola, os professores, os amigos mais chegados. Mas Sol gostava mesmo era de chuva. Tinha uma alma invernal. Sofria com as intempéries do verão, passava longe da praia, protetor solar era fator 300, se existisse. Não era daquilo. Pensava na Espanha, terra da qual falara a mãe, desde que o pai, um latin lover de meia idade, se mandara sem deixar rastro. La siesta, contava ela, tradição que fechava o comércio, chateando os turistas e jogando o povo na cama por causa do calor insuportável. Queria distância. Quem sabe um dia, no auge do inverno europeu, ela pudesse visitar aquele lugar?

Sentada em sua poltrona preferida, Sol pensava nos dias frios com saudade. O verão viria com tudo naquele ano e ela, ainda sem trabalho, queimava os miolos por uma forma de ganhar um dinheirinho. Passou o vendedor de picolés, que ela não via há tempos. Ainda era primavera e ela olhou espantada pro rapaz, todo animado, com aquele vozeirão, “olha o picolé de fruta aeee!!!”. Sol achou a ideia boa. E se vendesse picolés na janela de casa? Mas desistiu logo em seguida, porque já tinha aquele vendedor na sua rua e não queria prejudica-lo. Uma hora se passou, ela dava asas aos seus pensamentos quando então começou a chover. Uma chuvinha fina, fria e insistente, e ela foi pra cozinha. Decidiu fazer bolinhos de chuva. Enquanto comia, pensava no porque daquele nome curioso. Imaginou que em alguns lugares do mundo, quando chovia por muito tempo, as pessoas ficavam mais em casa, comendo e conversando, desfrutando da companhia umas das outras. Lembrou da Espanha, da siesta e entendeu que não era só a chuva que fazia as pessoas ficarem em casa. Sol ficou animada com a ideia que teve. Acabara de descobrir um jeito de trabalhar e de celebrar a saudade do inverno.

O verão chegou. E de sua janela, agora toda enfeitada com motivos alegres e coloridos (coisa antes impossível de ser sequer pensada, muito menos realizada), ela vendia bolinhos. Bolinhos doces e salgados. Com recheios de fruta e até de sorvete. Bolinhos tropicais com um toque espanhol. Bolinhos para quem trabalhava e não tinha tempo de ir almoçar, para quem passava apressado, quem tinha tempo para uma boa prosa, ou para quem simplesmente se intrigava com aquela moça que tinha inventado uma loja na janela de casa. Bolinhos que alimentavam de esperança os encalorados, saudosos do frio, e também os amantes do verão, que se refrescavam com os picolés de fruta, já que o vendedor se instalara ali por perto e sempre puxava conversa com ela.

Os bolinhos de chuva, que no inverno serviam para reunir as pessoas em casa, eram agora rebatizados por aquela menina, meio carioca, meio espanhola, que adorava o frio e que aprendera a ganhar seu sustento, alimentando o amor pelo inverno em pleno verão carioca. Até hoje, não há quem passe naquela rua sem experimentar, pelo menos uma vez na vida, os deliciosos bolinhos de Sol.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Nó de Gravata

Eu desejei tudo: sair pela tangente, fugir urgentemente, estapear alguém na cara, ouvir Caetano e sua Odara, tomar uma vitamina, beijar aquela menina, dançar uma noite inteira, bater alguma carteira, ser zen, ser hippie, ser yogue, ser budista e umbandista, ser sincera por um triz, ser eu mesma e ser feliz!

E aí correndo do jeito que eu estava nem vi aquele buraco, pisei em falso, caí e sentei a cara no chão duro da minha realidade. Ô vida! Levantei e vi que rasguei a calça no joelho. 

Ih, mas tá tão na moda esse negócio de roupa rasgada, acho que foi até bom mas...ai, tá tudo ralado!

Mãe, tem Merthiolate aqui em casa? Sei lá, menina, olha na farmacinha (aquela caixa de sapato cheia de remédios com a validade vencida que a mãe guardava num armário de algum lugar):


Tem não, vou limpar esse ralado do joelho com soro fisiológico mesmo, tá?!

Eu lavei o ralado e voltei pros afazeres da vida e assim foi a vida inteira. 


Não, assim tá sendo a vida pela metade, porque tô no meio do caminho.

Deitei na cama e olhei pro céu.


Era sábado à noite e o teto não atrapalhava eu ver as estrelas lá fora com os olhos do meu pensamento.

Tinha aquela calça jeans nova no armário. A camisa branca de vampiro da era vitoriana.


E a gravata preta. Era tudo por causa daquela gravata. E o nó. Tinha sempre um nó pra eu desatar.

Esquenta não guria...você tem é tempo. Pega um barco e sai por aí navegando. Tá tudo azul, já dizia o Lulu...

Decidi que eu ia ser o que desse pra ser e ser feliz sem forçar a minha barra. E foi então que eu entendi:


Não dá mesmo pra ser tudo o que se quer, mas dá pra se divertir tentando!